Duas reflexões acerca das
eleições autárquicas.
Primeira: Os resultados.
Vamos aos factos:
1 - O PSD perde o maior número de votos, mandatos e Câmaras,
logo, perde as eleições;
2 – O PS ganha o maior número de votos, mandatos e Câmaras, logo
vence as eleições.
À primeira vista, é
esta, a ilação essencial a retirar das eleições. Mas a leitura seria
superficial se ficasse por aqui. Senão, vejamos.
O PSD perde Porto, Gaia
e Sintra, três das maiores Câmaras do País, e perde a presidência da Associação
Nacional de Municípios. Porém, consegue ganhar Câmaras importantes como Guarda
e Braga e aguenta-se razoavelmente bem um pouco por todo o país, à excepção da
hecatombe madeirense, onde os locais manifestam finalmente o seu enjoo pelo
partido laranja. A sua distância para o PS cifra-se em pouco mais ou menos dez
pontos percentuais. Para um partido que conduziu o país ao estado de calamidade
em que se encontra e persiste na receita – aliás, vincada no discurso de
derrota de Passos, o resultado, sendo mau, não é péssimo.
O PS, por seu lado, ganha
as eleições, mas de nada lhe serve a vitória; é que não bastava ganhar, era
preciso esmagar. E o PS não esmagou. Ficou apenas uns dez pontos à frente do
seu adversário e a outros tantos da maioria absoluta. É uma vitória murcha.
O que o PS precisava era
de ter no quadro nacional a vitória que teve em Lisboa: Um PS esmagador, com
uma clara maioria absoluta, e um PSD vergado a uma derrota humilhante. 50% contra
20%.
Essa vitória ocorreu,
sim, mas não para Seguro. O claro vencedor da noite foi António Costa. O seu
discurso de vitória, circunstancialmente local, foi substancialmente nacional.
Todos sentiram – os que estavam naquela sala e os que o escutaram pela
televisão – que é nele, e não em Seguro, que reside a solução para vencer a
direita. Costa conseguiu o resultado que Seguro não alcançou. Faça-se a óbvia
leitura.
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