Canídeo expressando a sua opinião sobre o desempenho do governo
Depois de o governo ter
falhado miseravelmente as metas do défice e da dívida em 2011, 2012 e 2013,
depois de Gaspar ter batido a porta com estrondo e declarado que este caminho não
tem sentido, depois do irrevogável Portas ter revogado a sua irrevogável demissão
porque haveria um vislumbre de mudança de política (com o reforço da sua
vaidade e dos seus poderes), afinal, o governo vem propôr um orçamento fadado para falhar.
E porquê?
Porque, tal como os anteriores, falhará as
metas que se propõe alcançar?
Porque as contas de
merceeiro que apresenta não têm a mínima consistência com a realidade?
Porque inevitavelmente,
e à semelhança dos orçamentos anteriores, a receita vai ficar abaixo e a
despesa, acima do previsto?
Não.
Este orçamento difere substancialmente dos anteriores. Não porque não vá chocar contra
a parede da realidade, mas porque vai intencionalmente contra ela.
Expliquemo-nos.
Porque é que um
orçamento que é feito em cima de três falhanços consecutivos aprofunda ainda
mais o modelo já falhado? Porque o propósito é falhar.
Por isso é que este
orçamento é tão deliberadamente inconstitucional. Por isso é que a própria
Albuquerque fala tão abertamente em “riscos constitucionais”, acrescentando que
não há plano B.
Por isso é que a
barragem de artilharia pesada que se abateu sobre o Tribunal Constitucional foi
intensificada nos últimos tempos.
Esperam, o governo e a Troika, que deste modo o TC “reaja” aos ataques, virando-se contra o governo e
chumbando o essencial do orçamento. E o objectivo do governo é esse: Que o seu próprio orçamento venha a ser chumbado por flagrante inconstitucionalidade.
Uma vez chumbado o
orçamento, a Troika poderá dizer: “O programa é bom, mas não pôde ser cumprido
por causa dos obstáculos constitucionais, logo a culpa não é nossa nem do nosso
excelente plano”;
E o governo poderá dizer
à Troika: “Não nos deixaram executar fielmente o programa, logo a culpa não é
nossa nem da nossa vontade em implementar o vosso excelente plano”;
E a Troika responderá: “Já
que a culpa não é nossa nem vossa, celebremos o sucesso do programa, tomem lá o
resto do dinheirinho e paguem aos credores”.